A ÉTICA DO BEM
por Marilu Martinelli
No processo evolutivo o ser humano percebeu a necessidade de viver valores, como fundamentos de sistemas de pensamento, da ética, da estética e do conhecimento. Os valores universais permanentes fundamentam os valores circunstâncias que constituem a ética do Bem. As diferentes culturas, filosofias e religiões têm como denominador comum valores universais, e estes constituem a estrutura da consciência humana.
Valores universais como Verdade, Retidão, Paz, Amor e Não-Violência são inerentes a interioridade, e deles emerge uma ética diferenciada. Esses valores definem a espécie humana é o alicerce do caráter. Eles afloram das relações do ser humano consigo mesmo, com as pessoas, a natureza, o cosmo, e o sagrado. Os objetivos planetários cada vez mais se voltam para os direitos humanos e sociais inalienáveis, liberdade de opinião, virtude cívica, o cuidado e respeito pela natureza e pela diversidade racial, cultural e religiosa. Porém se quisermos tornar esses objetivos uma nova realidade, nascida de uma evolução de consciência temos que despertar do sono egoísta que nos afastou do nosso ser profundo e consequentemente dos valores humanos. Vivendo valores humanos garantimos os direitos humanos naturalmente. Como os valores humanos não são um discurso, mas o que somos, ninguém ensina valores, porém todos podemos ser exemplos inspiradores de valores. Viver valores humanos na família e na escola como o ponto de partida para a formação do caráter e construção de uma sociedade mais harmônica nos leva a transcender limites pessoais, aspirações, vitórias e frustrações eventuais. Transcendemos o particular e nos capacitamos para a universalidade porque entramos em ressonância com a grandeza da alma. E a alma é a manifestação da potencia sideral a que cada um de nós tem direito por herança cósmica. O entusiasmo aflora da alma e nos capacita para desfrutar de uma vida plena de amor, alegria, abundancia coragem e reverência. Pelos valores humanos aprendemos que servir proporciona prazer e que renunciar não é sempre sofrimento. A educação é o celeiro onde uma nação abriga seus lideres, é chegada a hora de formarmos lideres servidores. Para muitos, isso pode parecer impossível e uma proposta romântica de vida, bonita sem dúvida, mas irrealizável. No entanto, para construir um mundo melhor é preciso ousar aprender a olhar atravez dos olhos do coração e enxergar novos horizontes, e ir além da linha limítrofe da razão simplista e da lógica mecanicista e separatista. Só assim poderemos criar algo novo que nos permita realizar nosso potencial de seres sociais sob o prisma da paz. Os valores humanos são portadores da excelência humana e a expressam quando praticados pela lisura do caráter. Pela pratica desses valores nos tornamos mais lúcidos, criativos, competentes e compassivos, ao mesmo tempo em que sentimos brotar do nosso íntimo maior empatia e reconhecimento pelos esforços alheios. À medida que nosso coração se abre para os nossos semelhantes, percebemos que as nossas emoções e nossa historia de vida se refletem nas historias de vida das pessoas com as quais interagimos. Muitas vezes as outras pessoas nos servem de modelo do que fazer ou não, do certo e do errado, e nós servimos a elas, numa dinâmica de amorosa reciprocidade. Todos nós sabemos do poder alentador e inspirador de uma conversa amiga. Isso acontece por que a conversa amiga revela harmonia entre corações. Partilhamos experiências, erros e acertos e saímos desses encontros mais fraternos, mais amorosos, confiantes e contentes. Descobrimos nessas ocasiões que a vida adquire qualidade e valor quando aprendemos a querer bem, abrir mão e perdoar para deixar as coisas fluírem naturalmente. As couraças de autodefesa, as comparações, disputas e hostilidades nascem do nosso medo de amar, e impedem que nos relacionemos com lucidez, brandura, compaixão, honestidade e respeito. É possível encontrar dentro de nós a maneira de chegar ao coração do outro; e estabelecer parcerias reconhecendo o que nos aproxima, no lugar de enfatizar o que nos afasta.. Desse modo as barreiras que existam eventualmente entre nós e os outros são derrubadas e as relações se tornam mais leves, felizes e produtivas.
O reverendo Martin Luther King disse certa vez que aprendemos a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas não aprendemos ainda a viver como irmãos. Acredito que é chegada a hora de aprender a conviver fraternalmente se quisermos sobreviver como espécie humana. Vivemos num planeta cuja natureza nos demonstra que a cooperação e a interdependência tecem a frágil e intrincada teia da vida. Tudo o que fira essa lei planetária ameaça o equilíbrio das forças naturais e todas as criaturas da Mãe Terra.
A ética do bem se alimenta de amor, e amar é um exercício diário que permite a descoberta de que separatividade e impossibilidade são ilusões e condicionamentos criados pela mente. Os valores humanos alicerçam atos espontâneos da alma, e vive-los permite que a alma atue livremente. Essa é a forma ideal de aprender a ser o que verdadeiramente somos, essências divinas experimentando na condição humana a maravilhosa aventura de viver.
A ética do bem nos convoca a fazer de cada um de nós, uma contribuição fecunda e generosa para a construção de uma nova maneira de sentir e ver o mundo.
Marilu Martinelli
(Jornalista.Atriz.Escritora.Conferencista Internacional.Professora de Mitologia Universal e Filosofia Oriental. Consultora Educacional e Empresarial para Formação de Lideranças em Valores Humanos.Especialista em Desenvolvimento Humano. Professora convidada da UNIPAZ e UNIBEM e Universidade Católica de Arequipa-Peru).
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